viernes, 4 de julio de 2008

Algunos Comentarios sobre el Espectaculo Soria por la Compañia el Abrazo

Quarta-feira, 2 de Julho de 2008

Divagações sobre a vinda do Grupo Hara Teatro que se apresentou

no TEUNI - Teatro da Universidade Federal do Parana

Na semana passada, recebemos o grupo paraguaio Hara Teatro, dirigido por Wal Mayans e foi

um encontro delicioso, com resultados maravilhosos. Começando por conhecer pessoas que se dedicam a mesmos ideais e oferecem seu tempo, suas vidas jovens a esta quimera que chamamos teatro. O Wal já conhecia, na minha aventura de viver palco em Asunción, até

compartilhamos alguns intentos juntos, mais vim para o Brasil, antes mesmos de concretizar desejos, (jovem, tinha a presa como parceira; levei tempo para entender que alguns sonhos nos cobram a vida, para realizá-lo). Assim já sabia que esse homem baixinho e entroncado tinha uma longa estrada nas costas e isto lhe dava a leveza de uma pluma, quando preciso, e a habilidade de

um maestro, na hora de guiar-te no trabalho. Ele tem uma aparência rígida, mas na verdade é

p

aizão coruja, um ser humano com todas as letras.

No grupo, configurado, na sua maioria, por pessoas extremamente jovens, podemos perceber a disciplina, em um trabalho que exige muita precisão, mergulhados na técnica, explorando seus limites pessoais. São essas potências que desejamos ver com o tempo, mais maduros, e torço por isso. Ressalta o trabalho já mais apurado da Raquel, que, confesso, não tenho o gosto pelo estilo,

ou pela estética, porém, é maravilhoso vê-la no palco. Assim, também é reconhecível a delicadeza e a força do trabalho do Hilário, especialmente nas demonstrações que deram no dia seguinte.

O espetáculo Soria é a representação fiel de uma Asunción mergulhada na dicotomia de sua identidade, com influência indígena não totalmente assumida, de uma língua quase esquecida, mas, sempre permeada por seus mitos e estórias, e espelhada em ritos com valores contrapostos, de uma metrópole aldeia. È o discurso de uns corpos da cidade, fazendo falar seus ancestrais, misturados a Rok and rol, com banda ao vivo, interagindo com atores bailarinos. É um excelente lembrete dos textos transcritos por dedicados etnólogos como Píer Clastres, Leon Cadogan, Chase Sardi e Mito Sequera, onde os velhos Xamans previam o cataclismo de inversão de valores, instando a não transigir a seus mitos fundamentais, alicerçado na essência da alma, a palavra. O valor da palavra. É um espetáculo de impacto onde no final o público precisa ganhar fôlego, antes de explodir em aplauso.

O que me chamou a atenção, além de tudo isso, é o que, de alguma maneira, representou este fato, esta vinda a Curitiba, primeiro para quem assistiu e depois os comentários que ficaram ecoando. O Paraguai, nesta capital de estado, não é notícia. Sabe-se nada ou pouco sobre seu cotidiano. A visão que se tem não ultrapassa da bagunça de Cidade del Este, sinônimo de

contrabando, tráfico, ilegal, falsificado. Agregam-se, a isto, os resultados da pesquisa de corrupção, mundo afora, que coloca o Paraguai entre os mais corruptos do mundo. Não é raro encontrar alguém que se aventurou, passando a fronteira de carro e no mínimo suou frio nas mãos dos policiais de trânsito, sendo obrigado a pagar uma "una ayudita para la cerveza", mesmo estando completamente dentro da regra legal. Esse é o país que se vende e é assim que se vê.

Esse é o estigma que constrói o imaginário da população desta cidade.

Então, o espetáculo Soria nos acorda para um outro Paraguai, a descobrir. Convida-nos a conhecer um país que se reinventa, que tem uma produção simbólica, readequando sua própria identidade. Há uma população viva que quer se reinventar, apesar dos sessenta e tantos anos de governo de um só partido, mais da metade dentro de uma ditadura despiedada.

Após a partida do grupo Hara fica a quase certeza de que há de haver mais do que sabemos desses hermanos, além, de seus governantes irresponsáveis, além do aspecto apenas folclórico da suas "harpas e guaranias". Nada contra, mas essa é uma identidade construída num paraguai

agrícola, que hoje tem uma população majoritária urbana. Essa é a curiosidade instigante que nos

deixa esta experiência. Espero que não seja um ato fortuito, isolado e que de fato se construam políticas públicas para um dia, o Paraguai poder ser notícia nestas terras. E que seja pela sua humanidade vibrante e persistente e não pelos desvios que a obnubila. Fico torcendo para haver mais loucos como Wal Mayans, que emprestam sua alma para a tarefa de construir territórios simbólicos e ao final nos mostra quantas similaridades partilhamos, apesar da nossa diferença. Como ele diria: códigos universais.

Blas Torres

CIA DO ABRAÇÃO


Sábado, 28 de Junho de 2008

Sobre o Espetáculo SORIA

O primeiro impacto ao assistir o espetáculo Soria do grupo paraguaio Hara Teatro, dirigido por Wal Manyas é grande, a sensação é de estar diante de um “ESPETÁCULO”, impressiona pela força ritualística do tema tratado de forma verdadeira, de quem realmente sabe do que esta

falando; me refiro principalmente aos atores/dançarinos mais antigos do grupo como a Raquel e o Hilário e é claro ao Wal. Outro fator que impressiona é a precisão na execução dos atores e músicos, a troca de energia é viva e dinâmica, a música alimenta a dança que alimenta a música.

Num ponto não posso deixar de registrar certo desapontamento em relação à expectativa do que eu iria assistir. Quando ouço a explicação do Wal em relação ao seu teatro primigênio e a busca

da expressão individual de cada artista através do encontro consigo mesmo, da superação de seus medos e anseios, da negação da família, da pátria e da religião, eu esperava que o espetáculo não se utilizasse de técnicas conhecidas e formatadas como a dança – clássica e moderna e a acrobacia. Eu esperava, em termos de movimentação corporal, assistir a coreografias

absolutamente inusitadas, uma movimentação mais orgânica e pessoal, uma para cada ator. Acredito que desta forma, o envolvimento de cada ator com a obra seria maior, abrindo uma via comunicativa com a platéia ainda mais verdadeira, independente do entendimento racional que a palavra pode propor.

O encontro com o grupo Hara foi muito intenso, amoroso e divertido. Valeu muito à pena assistir a todas as apresentações realizadas em Curitiba, e dia após dia, me sentir cada vez mais fazendo parte do ritual mágico proposto no espetáculo. Espero encontrar todo o grupo em breve.

Fabiana Ferreira

CIA DO ABRAÇÃO

Domingo, 29 de Junho de 2008

SOBRE O ESPETÁCULO SORIA

Impacto. É sem dúvida um espetáculo muito impactante, envolvente e visualmente muito bonito. Há muita energia em cena. Me senti muito próximo, quase que sendo chamado para dentro do palco. A história foi ficando mais clara ao longo dos três dias. A “primigenia” presente no resgate

cultural da língua, dos elementos, adereços é muito rica e importante para nos mostrar o quanto

estamos longe das nossas raízes e o quão necessário é termos consciência e nos aproximarmos dela para ampliar nossa visão de mundo, religião, história e cultura.
A delicadeza e a poesia dos movimentos me encantaram muito. Quando digo poesia, é a que está nos detalhes, como por exemplo, a coreografia com os facões, bela, perigosa e ao fundo o corpo do Felix se retalhando em movimentos de contorção e em seguida a derrota da personagem apresentada.
A sonoplastia ao vivo, trazia mais vivacidade à cena, deixando-a mais evidenciada e até mesmo

dando pouco tempo para o público sequer respirar. Muito bom. Acredito que com mais troca entre banda e atores, troca com a cena o espetáculo ganhará muito.
Quanto a iluminação, acredito e percebo que existe uma busca, uma pesquisa por parte do César,

de dar sensibilidade à luz do espetáculo.
Sinto-me presenteado com toda essa troca cultural, humana, esse intercâmbio e não posso deixar

de vislumbrar mais e mais encontros afim de potencializar nosso TEATRO, nossas VIDAS, nossa ARTE.

Val Salles

CIA DO ABRAÇÃO

viernes, 27 de junio de 2008

Soria




GACETILLA DE PRENSA DE
"GAZETA DO POVO"
Roteiro Fim de semana - Curitiva Estado do Parana


Peça busca essência do povo guarani

Teuni recebe, neste final de semana, o espetáculo Soria, do diretor paraguaio Wal Mayans, discípulo do renomado encenador italiano Eugênio Barba

Uma peça teatral diferente do que se está acostumado a ver. Esse é o espetáculo Soria, que será apresentado pelo grupo paraguaio Haras Teatro, de Assunção, nesta sexta-feira (13), sábado (14) e domingo (15), às 21 horas, no Teatro Experimental da Universidade Federal do Paraná, o Teuni. A direção é do também paraguaio Wal Mayans.

Inspirado na linha antropológica do famoso diretor italiano Eugênio Barba, Wal Mayans desenvolveu uma linguagem própria, intitulada Teatro Primigênio. Conforme o Dicionário Aurélio, o termo primigênio significa “o primeiro da sua espécie; primitivo, primordial”. E a teoria do paraguaio segue exatamente esse raciocínio. “É um teatro antropológico, que busca a essência do corpo paraguaio. Se esse espetáculo fosse encenado com brasileiros, tomaria um rumo completamente diferente”, explica a coordenadora da Companhia do Abração, Letícia Guimarães, que trouxe o estrangeiro para ministrar oficinas a seu grupo e pretende incorporar algumas das técnicas em suas peças.

Intercâmbio
Buscando o aprendizado, a Companhia do Abração e o Haras Teatro realizam troca de conhecimentos teatrais.

Wal Mayans e a Companhia do Abração fazem um intercâmbio cultural. O Abração pretende visitar Assunção nos próximos meses. E Wal Mayans se tornou peça fundamental na

construção da pesquisa teatral A Corda, desenvolvida pela companhia teatral curitibana.

Por tratar a leitura corporal de uma forma especial, Soria se enquadra em um tipo de espetáculo conhecido como dança-teatro. Essa forma de apresentação exige grande capacidade física dos

atores e, no Teatro Primigênio, busca o encontro com o corpo primitivo, anterior a colonização européia. “Esses corpos exprimem bem mais do que a língua pode falar. Eles possuem uma

dramaturgia própria, construída a partir de uma identidade primitiva”, afirma Letícia.

Com a técnica, o diretor paraguaio espera resgatar a autêntica identidade latina. “É um trabalho de investigação corporal, que procura se libertar de mesclas culturais. Com isso, é possível entender a cultura paraguaia”, esclarece o diretor paraguaio Wal Mayans.

E a principal referência da cultura do país se encontra na figura do índio guarani.

Enredo

A religião praticada pelos guaranis se baseia no fato de o homem poder alcançar o kandire, a imortalidade pela palavra, pelo relato e pelo mito. Por esse motivo, a peça trata do mito da Terra sem Mal, relatada pelo xamã Soria. Na crença, o homem pode ser ele mesmo, mas também se

transformar em um deus, imortal ou não.

Dice el simbolo; hubo en un dia un siglo que duro muchos siglos, un dia de cristal intacto clarisimo sin crepusculo ni aurora; y urutau que era joven volvio viejo no quedandole tiempo para emigrar a la tierra sin mal.

“Soria” es un mbya –guaraní creador del texto “Todas las cosas son una”, la recopilación de estos textos se dan en 1965 por el Antropólogo francés Pierre Clastres en la zona de la Selva del Paraná en el Paraguay.

Es la historia de un hombre, un sabio Chaman que rememora los mitos de su tribu; la inspiración, la exaltación poética se apodera de el: habla a propósito de los mitos, habla más allá de los mitos, hay como una especie de abandono a la magia del verbo que lo domina completamente y lo lleva a esas cimas donde mora lo que conocemos como “Palabras proféticas”.

La obra

Este espectáculo es una re-adaptación de los textos relatados por el chaman “Soria” sobre el mito de laTierra sin Mal y la creación de la cosmogonía religiosa guaraní después del segundo diluvio según ellos mismos. En el mito, el hombre puede ser hombre y sin embargo hacerse Dios, mortal y no obstante inmortal. Los ritos religiosos de los guaraníes están gobernados por esta creencia de que el hombre puede alcanzar el “Kandire”, la inmoralidad a través de la Palabra, del relato, el mito.

La Direccion

El planteamiento de este nuevo espectáculo no busca secretos antropológicos sino una raíz escondida detrás del velo de la historia,aquello que no se registra con las palabras
( lo innombrable) y sin embargo es una herencia que se estigmatiza a través del lenguaje del cuerpo; gesto - símbolo, es una constante que nos remonta a la más pura expresión más allá de la forma, y como decia Grotowski: no trabajamos para componer tratados sino para ensanchar la isla de libertad que llevamos dentro, esto significa dejar huellas ejemplos de libertad.....

Wal Mayans
Director


Fotos: Alexandra Dos Santos


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